Saturday, November 27, 2004

As melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos

Hoje, quando o assunto é quadrinhos, talvez as primeiras imagens que vem as nossas cabeças são os super-heróis ou as revistinhas infantis como Mônica e Cebolinha. Mas os leitores mais atentos sabem que existem outras diversas referências que navegam pelo oceano das narrativas gráficas. Há quadrinhos que se propõem a serem mais humanos que os super heróis, há gibis que estão voltados para um público adulto. A nona arte está recheada dessas carismáticas personagens como Corto Maltese, Little Nemo, Spirit, Valentina, Love and Rockets, Alleck Sinner e Mort Cinder entre outros.

Mort Cinder

Quando o assunto é história de horror para adultos Alan Moore e o Monstro do Pântano são um marco, uma ruptura com uma Era onde eram superficiais as narrativas gráficas. São vários os conhecedores dos quadrinhos que ditam que ali foi quando o quadrinho adulto começou, mas esses conhecedores são embriagados com os comics. Se fossem mais atentos a pluralidade das nações da cultura das hqs e a história das histórias em quadrinhos, diriam que os quadrinhos já nasceram adultos e que foram infantilizados com as décadas seguintes por ignorância ou por ganância.
Mort Cinder não pertence às origens dos quadrinhos, mas tem a posição de extrema importância ao aprofundamento da narrativa gráfica com a Arte. O que Edgar Allan Poe trouxe para a literatura, Munch trouxe as artes-plásticas e Fritz Lang ao cinema; Héctor Osterheld e Alberto Breccia trouxeram para os quadrinhos. Todos eles carregaram as artes com o preto sobre o branco. Massas de sombras, o mais profundo negro, uma metáfora do imperialismo da morte sobre a vida. A Luz são suspiros, respiros entre a deformidade do escuro.
Dá medo quando os nossos olhos passeiam pelos desenhos de Breccia. Sentimos um calafrio por que é sua visão do mundo registrado nas páginas, sentimos frio, umidade e muita solidão. Com o texto de Osterheld não é nada diferente, nos sentimos presos por correntes, num labirinto de metáforas e questionamento. Uma vez me disseram que há um lado trash ali, um pouco de cinema b. Se pensarmos nas histórias como iscas e os leitores como peixes eu diria que há uma razão para a série Mort Cinder ter nos episódios extraterrestres, viagens no tempo, imortais e fantasmas. Houve quem comparou a Scooby-Doo, porém sério. A razão é que essas temáticas nos tiram do nosso cotidiano e nos entretém para mexer um pouco com o nosso inconsciente. Sombras e o escuro, quando somos crianças temos muito medo deles e quando nos tornamos adultos o chamamos de fantasmas e extraterrestres, mas é através deles que criamos os nossos conceitos de ceticismos e crenças. Então essas hqs são um exercício da razão. Os principais personagens dessas histórias são as sombras, voltar a andar no escuro dentro de casas abandonadas e matas. Viajar no tempo e sentir a imortalidade.
Mort Cinder foi originalmente publicado na Inglaterra na década de cinqüenta e é de autoria de Argentino e de um Uruguaio. É um imortal que se torna amigo de Erza, dono de um antiquário com diversos objetos antigos. Cada peça do antiquário possui um vínculo com Mort Cinder, as vezes são lembranças das épocas outras vezes são um vínculo maior, mas falar disso seria estragar a surpresa para o leitor.

No próximo post : Mort Cinder segunda parte.

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